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Salário não é mais diferencial para reter bons profissionais
Segundo especialista, empresas precisam capacitar e tratar bem os colaboradores e entender que isso é investimento
É comum ouvir no meio empresarial que hoje em dia faltam bons profissionais no mercado. E os "poucos" que têm são disputados através de um duelo que envolve benefícios, ambiente de trabalho, premiação e outras regalias que tornam cada vez mais distante a época onde o empregado tinha orgulho de dizer que estava há 20 anos ou mais na mesma empresa.
A gestora de Recursos Humanos, Hermine Luiza Schreiner, diretora de RH e Responsabilidade Social da empresa Pormade, é clara ao dizer que o cenário descrito no primeiro parágrafo é cada vez mais comum no Brasil. "Quem acha que a educação é cara, eu digo que o custo da ignorância é muito maior. O gestor que tem em mente que o custo com capacitação profissional, seja ela técnica ou comportamental, é um gasto, está errado. Isso é investimento", ressalta Hermine.
A gestora esteve em Londrina na última quinta-feira, a convite do Sindimetal Londrina, para proferir a palestra: Como construir e manter um bom lugar para se trabalhar através da gestão de pessoas. "O que muitos empresários não conseguem entender é que gestão e pessoas tem a ver com tratar bem os colaboradores, porque o ser humano só dá aquilo que recebe. Então se o ambiente de trabalho lhe dá confiança, lhe dá respeito, credibilidade e também lhe proporciona condições para criar, inovar e fazer a diferença ele não vai ter vontade de sair daquela empresa", disse.
O presidente do Sescap Londrina, Marcelo Odeto Esquiante, diz que a entidade já percebeu esta mudança de comportamento no quadro de funcionários das empresas atendidas pelos escritórios de contabilidade. "Todos os setores da economia estão passando por isso. As empresas que não investem em seus colaboradores acabam prejudicadas pela rotatividade nos seus quadros. Muitas vezes, por R$ 100 de diferença, o funcionário troca de emprego. Por isso, o investimento na retenção do colaborador é importante", afirma Esquiante.
Hermine comenta que parte desse problema envolvendo a rotatividade de profissionais se deve ao fato dos departamentos de recursos humanos pensarem e trabalharem em questões como estruturar a área de treinamento e desenvolvimento, plano de carreira, criar área de benefício, promover a atração e a retenção de talentos. "E tudo vai por água abaixo quando você tem um profissional que tem tudo isso, mas vai embora, e você perde todo esse trabalho e tem que começar tudo do zero", explica. Neste cenário, a alternativa apresentada pela gestora seria um trabalho na "contramão". "Contrate um profissional com valores e com atitude positiva, qualifique-o dentro da organização e depois cuide desse profissional", diz Hermine.
Ela diz que o profissional de hoje não é muito diferente do profissional de ontem, com 21 anos, por exemplo. "A pessoa de hoje tem os mesmos anseios que eu tinha nos meus 21, uma empresa legal, que me valorizasse, que me desse a oportunidade de crescer profissionalmente", explica. A diferença é que hoje os profissionais encontram mais oportunidades, com novos postos de trabalho e nessa evolução não são as pessoas que mudam, mas sim as empresas que não conseguem acompanhar esse processo, satisfazer o nível de ansiedade dos profissionais. "Às vezes a pessoa trabalha seis meses em uma área da empresa e quer conhecer outro trabalho, é ai que entra a questão da empresa conseguir elaborar um plano de carreira desafiador para cada um", explica Hermine.
Além de estabelecer um trabalho que traga essa satisfação profissional ao colaborador, outro ponto importantíssimo desse processo é a qualificação do mesmo. As formas de trabalhar essa capacitação, segundo ela, podem ocorrer de diferentes maneiras e com diferentes recursos, como programas de reciclagem, treinamentos técnicos, debates e video aulas.